sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A difícil volta ao trabalho - Parte 2

Feliz 2013 para todos vocês que acompanham os posts do "Meninas Azuis", principalmente para aqueles que se tornarão papais e mamães este ano.

Bem... Vou retomar o meu dilema da volta ao trabalho...

Voltei a trabalhar faltando quatro dias para a Duda completar 4 meses. Isso mesmo, apenas 4 meses. Nem preciso dizer como foi o meu primeiro dia, saindo atrasada da empresa porque o voo da nova diretora atrasou e, consequentemente, a minha reunião com ela também. Cheguei à escola meia hora depois que ela fechou e a minha bebezuca lá. Tudo bem, ela nem sabia o que estava acontecendo, estava bem cuidada, mas eu...

Foi o suficiente para eu carregar uma culpa, até hoje.... Trauma total.

Ser mãe é se sentir eternamente culpada? Acho que não...

Então bastou eu chegar atrasada para buscar a Duda, no seu primeiro dia de escolinha, para a minha vida virar, mais ainda, de pernas para o ar. A partir desse dia tenebroso, o meu coração começava a palpitar quando ia chegando o horário de sair do trabalho para buscá-la. Eu parecia uma louca saindo correndo da empresa. Detalhe: eu nunca mais saí atrasada, mas a angústia estava alí, fincada no meu peito.

Como voltei da licença depois de quatro meses e eu fazia questão e tinha leite para amamentar até o sexto mês, aluguei uma super bomba depressiva de tirar leite e andava com ela a tiracolo.

A rotina era assim: amamentava a Duda pela manhã (ela já dormia a noite toda aos quatro meses, graças!), deixava-a na escola, ia trabalhar. Naquele cotidiano louco de uma empresa que acabou de ser vendida, eu me trancava na minha sala a cada três horas e tirava o leite atendendo telefone, enviando e-mail.... Resumo: um quadro caótico em um momento que era para ser da minha pequenina.

O leite que eu tirava era armazenado em frascos que correspondiam a uma mamadeira que a Dudinha tomava. Eu precisava tirar quatro mamadeiras por dia. Estresse total!!

Claro que não passei imune à famosa depressão pós-parto. Empresa vendida, futuro profissional incerto, primeira filha -cheia de cuidados- na escola aos 4 meses, uma bomba te sugando a alma... A danada foi chegando devagarinho, mais chegou. A sorte é que tenho um médico magnânimo, que percebeu rápido a situação.

Como se não bastasse, o meu casamento estava naquela fase: meu Deus.... Muita mudança, vai aguentar? Somos um casal baladeiro, amamos música eletrônica, tomar uma cervejinha, sair com os amigos...mas agora....

Eu não tinha forças para receber os amigos em casa. Tudo me cansava. E homem, por mais que tente entender... não adianta!! Eles são feitos com outros ingredientes, incompatíveis com os femininos.

Passamos uma fase negra, diria macabra. Nunca cogitamos a separação, mas confesso que em várias situações eu achei que não teria outra saída. Isso é um fator primordial: só decida ter filho quando estiver em uma relação sólida, caso contrário....

Meu marido não aceitou muito bem a ideia de eu tomar a pílula da felicidade (assim chamo o antidepressivo). Ele acha, até hoje, que eu não levei muito bem o papel de mãe, que eu fiquei meio "louca" demais... Rsrsrs. Talvez ele esteja certo, ainda não cheguei a uma conclusão.

Mas não pensem que a história para por aí. Em março, a Duda então com oito meses, a nova empresa me mandou para Alphaville. Gente, quem mora em SP sabe que trabalhar em Alpha é o inferno na Terra. Fui, não podia pedir demissão, mas fiz um acordo para sair uma hora antes. Mesmo assim, inúmeras vezes, ligava esbaforida para o meu marido sair correndo e ir pegar a pequena.

O meu casamento está recuperado, tem muito amor. A Duda está com um ano e meio e ama ir para a escola. O desenvolvimento dela foi absurdo de bom. Não estou mais na empresa que me teletransportou para Alphaville, a minha vida está mais equilibrada.

É incrível como o trauma fica, penetra, dói e se torna inconsciente. Estou fazendo um coaching de carreira com uma ótima profissional, que, para a minha surpresa, cavoucou em mim sentimentos doídos, guardados bem lá no fundo.

Estou descobrindo que para ser uma boa profissional (e que fique claro que eu amo a minha carreira) é preciso estar bem emocionalmente, é preciso se sentir livre. E para ser uma ótima mãe eu preciso estar realizada comigo mesma.

Ser mãe não anula aquela pessoa que você sempre foi. E se você acha que se anulou então corra, vá atrás de suas realizações profissionais e pessoais. Só podemos nos doar para um filho quando estivermos inteiras.

Demorei um ano e seis meses para começar a compreender isso. Estou numa fase inicial de entendimento, mas acredito que estou no caminho certo.

Seja feliz, sempre!

Patrícia de Andrade
Mãe da Eduarda, de 1ano e 6 meses


Patricia de Andrade é jornalista e foi a primeira pessoa convidada a escrever neste blog.

Um comentário:

  1. Parabens Patricia Andrade !!! Amei este seu post !! Você é pra lá de especial e com certeza vai dar o rumo certo a todas estas suas inquietações, pelo visto.... já está dando !!!

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