Bem... Vou retomar o meu dilema da volta ao trabalho...
Voltei a trabalhar faltando quatro dias para a Duda
completar 4 meses. Isso mesmo, apenas 4 meses. Nem preciso dizer como foi o meu
primeiro dia, saindo atrasada da empresa porque o voo da nova diretora atrasou
e, consequentemente, a minha reunião com ela também. Cheguei à escola meia hora
depois que ela fechou e a minha bebezuca lá. Tudo bem, ela nem sabia o que
estava acontecendo, estava bem cuidada, mas eu...
Foi o suficiente para eu carregar uma culpa, até hoje....
Trauma total.
Então bastou eu chegar atrasada para buscar a Duda, no seu
primeiro dia de escolinha, para a minha vida virar, mais ainda, de pernas para
o ar. A partir desse dia tenebroso, o meu coração começava a palpitar quando ia
chegando o horário de sair do trabalho para buscá-la. Eu parecia uma louca
saindo correndo da empresa. Detalhe: eu nunca mais saí atrasada, mas a angústia
estava alí, fincada no meu peito.
Como voltei da licença depois de quatro meses e eu fazia
questão e tinha leite para amamentar até o sexto mês, aluguei uma super bomba
depressiva de tirar leite e andava com ela a tiracolo.
A rotina era assim: amamentava a Duda pela manhã (ela já
dormia a noite toda aos quatro meses, graças!), deixava-a na escola, ia
trabalhar. Naquele cotidiano louco de uma empresa que acabou de ser vendida, eu
me trancava na minha sala a cada três horas e tirava o leite atendendo telefone,
enviando e-mail.... Resumo: um quadro caótico em um momento que era para ser da
minha pequenina.
O leite que eu tirava era armazenado em frascos que
correspondiam a uma mamadeira que a Dudinha tomava. Eu precisava tirar quatro
mamadeiras por dia. Estresse total!!
Claro que não passei imune à famosa depressão pós-parto.
Empresa vendida, futuro profissional incerto, primeira filha -cheia de
cuidados- na escola aos 4 meses, uma bomba te sugando a alma... A danada foi
chegando devagarinho, mais chegou. A sorte é que tenho um médico magnânimo, que
percebeu rápido a situação.
Como se não bastasse, o meu casamento estava naquela fase:
meu Deus.... Muita mudança, vai aguentar? Somos um casal baladeiro, amamos
música eletrônica, tomar uma cervejinha, sair com os amigos...mas agora....
Eu não tinha forças para receber os amigos em casa. Tudo me
cansava. E homem, por mais que tente entender... não adianta!! Eles são feitos
com outros ingredientes, incompatíveis com os femininos.
Passamos uma fase negra, diria macabra. Nunca cogitamos a
separação, mas confesso que em várias situações eu achei que não teria outra
saída. Isso é um fator primordial: só decida ter filho quando estiver em uma
relação sólida, caso contrário....
Meu marido não aceitou muito bem a ideia de eu tomar a
pílula da felicidade (assim chamo o antidepressivo). Ele acha, até hoje, que eu
não levei muito bem o papel de mãe, que eu fiquei meio "louca"
demais... Rsrsrs. Talvez ele esteja certo, ainda não cheguei a uma conclusão.
Mas não pensem que a história para por aí. Em março, a Duda então
com oito meses, a nova empresa me mandou para Alphaville. Gente, quem mora em
SP sabe que trabalhar em Alpha é o inferno na Terra. Fui, não podia pedir
demissão, mas fiz um acordo para sair uma hora antes. Mesmo assim, inúmeras
vezes, ligava esbaforida para o meu marido sair correndo e ir pegar a pequena.
O meu casamento está recuperado, tem muito amor. A Duda está
com um ano e meio e ama ir para a escola. O desenvolvimento dela foi absurdo de
bom. Não estou mais na empresa que me teletransportou para Alphaville, a minha
vida está mais equilibrada.
É incrível como o trauma fica, penetra, dói e se torna
inconsciente. Estou fazendo um coaching de carreira com uma ótima profissional,
que, para a minha surpresa, cavoucou em mim sentimentos doídos, guardados bem
lá no fundo.
Estou descobrindo que para ser uma boa profissional (e que
fique claro que eu amo a minha carreira) é preciso estar bem emocionalmente, é
preciso se sentir livre. E para ser uma ótima mãe eu preciso estar realizada
comigo mesma.
Ser mãe não anula aquela pessoa que você sempre foi. E se
você acha que se anulou então corra, vá atrás de suas realizações profissionais
e pessoais. Só podemos nos doar para um filho quando estivermos inteiras.
Demorei um ano e seis meses para começar a compreender isso.
Estou numa fase inicial de entendimento, mas acredito que estou no caminho
certo.
Seja feliz, sempre!
Patrícia de
Andrade
Mãe da Eduarda, de 1ano e 6 meses
Mãe da Eduarda, de 1ano e 6 meses
Parabens Patricia Andrade !!! Amei este seu post !! Você é pra lá de especial e com certeza vai dar o rumo certo a todas estas suas inquietações, pelo visto.... já está dando !!!
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