terça-feira, 30 de abril de 2013

Torcedor mirim, sim. Intolerante precoce, não.


Vestir a camisa do time, beijar o símbolo, cantar o hino, saber a escalação do jogo que ocorreu há 3 anos...um bom torcedor de futebol “carrega” o nome do time como se fosse sobrenome. E, como tal, repassa ao filho. Mas será que esta criança que recebe a herança esportiva é ensinada a tolerar que o amiguinho da escola torça por um time diferente?

Aceitar as diferenças e conviver com elas de modo pacífico: eis um dos grandes desafios desta geração Y. Toda criança tende a repetir hábitos existentes em seu modelo de família. Assim, faz-se necessário que se atente para o ensino da convivência pacífica com os amigos que “pertencem” a outro time, ou até mesmo que têm preferência por outro esporte, que não o futebol.

Algumas cenas deste tipo de intolerância já podem ser observadas nas escolas. Ansiedade, competitividade extrema. Xingamentos, isolamentos, agressão física. Toda a paixão pelo time rapidamente se transforma em ódio pelo time do outro. Os adultos muitas vezes não percebem, mas estão transferindo para seus herdeiros hábitos de intolerância que poderiam ser evitados, o que traria uma nova consciência coletiva de respeito ao próximo e aceitação das diferenças.

Em seu artigo Futebol: da Paixão ao Fanatismo, a psicanalista Elizandra Souza afirma que “O fanático é aquele que acredita que a única forma de ser feliz ou de viver é através de um símbolo idealizado, por exemplo, um time (ou mesmo a seleção campeã). Esta fixação idealizada pode surgir na infância com os exemplos e ensinamentos oferecidos pelos pais, familiares e a sociedade.”

A psicanalista ainda acrescenta “O fanático é impossibilitado de perceber as escolhas alheias, os gostos, o comportamento e os pensamentos das outras pessoas que são contrários aos seus e age com agressividade quando o que vem do outro agride ou ofende sua idealização”.

O esporte é transformador e, seja de qual modalidade for, deve mesmo servir de espelho a tantas crianças. O intuito é fazer que esse mesmo espelho mostre e relembre aos pais que discordar de modo saudável é um exercício de democracia aos nossos pequenos futuros cidadãos. Ser fã ou ser fanático? That´s the question.

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