quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Natal e o verbo “comprar” – consumismo na infância


Além de ser o mês de uma grande festa cristã, dezembro também é conhecido como o mês do trânsito caótico, dos shoppings lotados, do comércio “bombando” e das crianças gritando “eu queroooo!”.

Os programas de TV infantis bombardeiam as crianças com inúmeros produtos de lançamento. Segundo a Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), o setor espera faturar R$ 3,94 bilhões ao final de 2012 e a indústria nacional será responsável por 60% dos brinquedos vendidos no Brasil.

Não há dúvida de que existe uma linguagem subliminar dirigida aos pequenos. Nos últimos anos, os verbos “comprar” e “ter” ganharam mais espaço na linguagem infantil. Mas será que as crianças realmente precisam de tudo o que pedem, especialmente nesta época de Natal?

Segundo a psicóloga Lucia Ferreira da Costa e Silva, para conter a ansiedade das crianças nessa época é importante trazer sempre o verdadeiro significado do Natal. Ela afirma “É necessário fazer com que a criança entre em contato com os símbolos, os valores morais, com a beleza do mito e com a fantasia que orbita em volta das festas. Em relação aos presentes sempre temos que informar o merecimento, não podendo esquecer a realidade onde estamos inseridos.”

Na visão da profissional, o consumo desenfreado pode causar alguns problemas de comportamento, tais como: (1) falta de valorização, (2) insatisfação rápida pelo objeto adquirido e (3) projeção no consumo do sentimento de felicidade. E ela volta a frisar “Um aliado importante é conscientizar a criança de que o consumo deve estar sempre ligado à sua realidade.”

Lucia ainda conta que pais consumistas muitas vezes levam os filhos a serem consumistas e pondera “Não podemos esquecer que os pais são referência para os filhos. Incluindo atitudes e comportamentos. As crianças aprendem a copiar as atitudes dos pais desde muito cedo, por isso distanciar a criança nesses momentos de impulsos talvez ajude.”

Portanto, cabe aos pais controlar os excessos e exercer a educação financeira dentro do núcleo familiar. Há que se conter o impulso e o desejo de consumo. Não apenas porque os itens ficam (e ficam MESMO) muito mais caros nesta época, o que impacta significativamente no orçamento de muitas famílias, mas também porque devemos educar a criança para o futuro, mostrando as reais necessidades de compra e as diferenças de classes sócio-econômicas que existem entre os diversos modelos de famílias.

“Eu quero porque meu amigo tem” não pode ser o motivo para pais e mães gastarem de forma descontrolada. É o educar para vida. Orientar que o importante é a personalidade de cada um e não o que ela tem ou pode ter. Como pais e educadores, temos o dever de ensinar a consumir com responsabilidade.

Lucia Ferreira da Costa e Silva é psicóloga e terapeuta corporal. É voluntária no PEC (Programa Einstein na Comunidade) de Paraisópolis com atendimento voltado a crianças. (lucia.fcs@terra.com.br).

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