Além de ser o mês de uma
grande festa cristã, dezembro também é conhecido como o mês do trânsito
caótico, dos shoppings lotados, do comércio “bombando” e das crianças gritando
“eu queroooo!”.
Os programas de TV infantis
bombardeiam as crianças com inúmeros produtos de lançamento. Segundo a Abrinq
(Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), o setor espera faturar
R$ 3,94 bilhões ao final de 2012 e a indústria nacional será responsável por 60%
dos brinquedos vendidos no Brasil.
Não há dúvida de que existe
uma linguagem subliminar dirigida aos pequenos. Nos últimos anos, os verbos
“comprar” e “ter” ganharam mais espaço na linguagem infantil. Mas será que as crianças realmente precisam de
tudo o que pedem, especialmente nesta época de Natal?
Segundo a psicóloga Lucia Ferreira da Costa e Silva, para conter a
ansiedade das crianças nessa época é importante trazer sempre o verdadeiro significado do Natal. Ela afirma “É necessário fazer com que a criança entre em
contato com os símbolos, os valores morais, com a beleza do mito e com a
fantasia que orbita em volta das festas. Em relação aos presentes sempre temos
que informar o merecimento, não podendo esquecer a realidade onde estamos
inseridos.”
Na visão da profissional, o consumo desenfreado
pode causar alguns problemas de comportamento, tais como: (1) falta de valorização, (2) insatisfação rápida pelo
objeto adquirido e (3) projeção no consumo do sentimento de felicidade. E ela
volta a frisar “Um aliado importante é conscientizar a criança de que o consumo
deve estar sempre ligado à sua realidade.”
Lucia ainda conta que pais consumistas muitas vezes levam os
filhos a serem consumistas e pondera “Não podemos
esquecer que os pais são referência para os filhos. Incluindo atitudes e
comportamentos. As crianças aprendem a copiar as atitudes dos pais desde muito
cedo, por isso distanciar a criança nesses momentos de impulsos talvez ajude.”
Portanto, cabe aos pais
controlar os excessos e exercer a educação financeira dentro do núcleo
familiar. Há que se conter o impulso e o desejo de consumo. Não apenas porque
os itens ficam (e ficam MESMO) muito mais caros nesta época, o que impacta
significativamente no orçamento de muitas famílias, mas também porque devemos
educar a criança para o futuro, mostrando as reais necessidades de compra e as
diferenças de classes sócio-econômicas que existem entre os diversos modelos de
famílias.
“Eu quero porque meu amigo
tem” não pode ser o motivo para pais e mães gastarem de forma descontrolada. É
o educar para vida. Orientar que o importante é a personalidade de cada um e
não o que ela tem ou pode ter. Como pais e educadores, temos o dever de ensinar
a consumir com responsabilidade.
Lucia Ferreira da
Costa e Silva é psicóloga e terapeuta corporal. É voluntária no PEC (Programa Einstein na Comunidade) de Paraisópolis com atendimento voltado a crianças. (lucia.fcs@terra.com.br).
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