Depois que nos tornamos pais e mães, queremos sempre proteger
nossas crias dos males do mundo. Temos medo de que nossa preciosa criança se
suje demais, caia e se machuque. Além disso, não desejamos ver nossos pequenos
sendo agredidos por um coleguinha ou chorando porque, de alguma forma, alguém o
maltratou.
Entre grupos de crianças as disputas e os pequenos atritos
são frequentes e, muitas vezes, nos vemos querendo intermediar um conflito
entre eles. Colocamos à frente da razão nosso instinto de proteção, amor e
cuidado. Mas o que fazer quando esta proteção é exagerada? Quais as
consequências para os filhos criados de maneira superprotegida?
Cair e levantar, só assim
se aprende a andar
É importante deixarmos as crianças aprenderem algumas coisas
por elas mesmas. A criança que recebe o copo de suco antes mesmo de pedi-lo, por
exemplo, terá mais dificuldades de aprender a falar. Pais superprotetores só
estão querendo fazer o bem para seu filho, mas acabam deixando a vida da
criança fácil demais quando fazem tudo no lugar dela, que acaba não recebendo
os estímulos corretos para se desenvolver e enfrentar os desafios necessários
ao seu crescimento.
Os estudiosos apontam: a proteção excessiva por parte dos pais resulta em filhos
com autoestima baixa e pouco capazes de resolverem seus conflitos.
Segundo a Dra. Lucia Ferreira da Costa e Silva, psicóloga e
terapeuta corporal voluntária no PEC (Programa Einstein na Comunidade) de
Paraisópolis com atendimento voltado a crianças, filhos superprotegidos são
vítimas mais fáceis de agressões. “A criança não cria a consciência de que tem
capacidade de resolver seus próprios conflitos e, assim, não cria autonomia e
autoafirmação”, explica.
Neste cenário, aumentam as chances da criança sofrer ou
praticar o bullying. Mas o que é
isso?
O bullying é uma palavra escolhida pelos ingleses para dar nome
a um tipo de assédio praticado contra o mais “fraco” pelo mais “forte”, por
motivos fúteis: crianças mais magrinhas, outras mais gordinhas, alguns baixinhos,
outros ruivinhos, as bonitas demais, os altos demais acabam sofrendo algum ato
de violência física e/ou psicológica feito de forma intencional e repetida, que
causa sofrimento, dor e angústia.
Acontecimentos no ambiente escolar como agressão física, apelidos
constrangedores, exclusão do grupo, violência moral, furtos e envolvimento em
situações embaraçosas são cada vez mais frequentes e, portanto, o assunto
merece ser discutido, pois cabe aos pais, professores e diretores investigarem
os fatos e educarem seus filhos e alunos, tomando medidas disciplinares para
que o bullying não aconteça.
Fique atento aos sinais
A criança que sofre o bullying
costuma apresentar sinais de baixa autoestima, pensamentos suicidas, baixo
rendimento escolar e reclusão. O agressor também tem rendimento baixo nos
estudos, apresenta comportamento agressivo com amigos, pais, professores e tem
um grupinho de seguidores, sendo “o popular” na escola.
“A ‘brincadeira’ não pode ser encarada como natural entre as
crianças, já que as consequências são maléficas e, muitas vezes, duradouras,
estendendo-se para a vida adulta”, explica Dra. Lucia.
Muito diálogo, carinho
sempre e nada de superproteção - Pais
carinhosos, porém firmes, criam filhos com maior autoafirmação e que tendem a
conversar e expor seus sentimentos, além de criarem autonomia para resolverem
seus conflitos de forma equilibrada.
Converse com seu filho, procure saber como é o ambiente
escolar, quem são os amiguinhos e fique atento aos sinais. Mas lembre-se: ele
precisa ter autonomia para aprender a lidar com o mundo e você será o grande
amigo (ou amiga) com o qual ele vai poder contar pela vida inteira.
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