quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A superproteção e o bullying

Depois que nos tornamos pais e mães, queremos sempre proteger nossas crias dos males do mundo. Temos medo de que nossa preciosa criança se suje demais, caia e se machuque. Além disso, não desejamos ver nossos pequenos sendo agredidos por um coleguinha ou chorando porque, de alguma forma, alguém o maltratou.
Entre grupos de crianças as disputas e os pequenos atritos são frequentes e, muitas vezes, nos vemos querendo intermediar um conflito entre eles. Colocamos à frente da razão nosso instinto de proteção, amor e cuidado. Mas o que fazer quando esta proteção é exagerada? Quais as consequências para os filhos criados de maneira superprotegida?
Cair e levantar, só assim se aprende a andar
É importante deixarmos as crianças aprenderem algumas coisas por elas mesmas. A criança que recebe o copo de suco antes mesmo de pedi-lo, por exemplo, terá mais dificuldades de aprender a falar. Pais superprotetores só estão querendo fazer o bem para seu filho, mas acabam deixando a vida da criança fácil demais quando fazem tudo no lugar dela, que acaba não recebendo os estímulos corretos para se desenvolver e enfrentar os desafios necessários ao seu crescimento.
Os estudiosos apontam: a proteção excessiva por parte dos pais resulta em filhos com autoestima baixa e pouco capazes de resolverem seus conflitos.
Segundo a Dra. Lucia Ferreira da Costa e Silva, psicóloga e terapeuta corporal voluntária no PEC (Programa Einstein na Comunidade) de Paraisópolis com atendimento voltado a crianças, filhos superprotegidos são vítimas mais fáceis de agressões. “A criança não cria a consciência de que tem capacidade de resolver seus próprios conflitos e, assim, não cria autonomia e autoafirmação”, explica.
Neste cenário, aumentam as chances da criança sofrer ou praticar o bullying. Mas o que é isso?
O bullying é uma palavra escolhida pelos ingleses para dar nome a um tipo de assédio praticado contra o mais “fraco” pelo mais “forte”, por motivos fúteis: crianças mais magrinhas, outras mais gordinhas, alguns baixinhos, outros ruivinhos, as bonitas demais, os altos demais acabam sofrendo algum ato de violência física e/ou psicológica feito de forma intencional e repetida, que causa sofrimento, dor e angústia.
Acontecimentos no ambiente escolar como agressão física, apelidos constrangedores, exclusão do grupo, violência moral, furtos e envolvimento em situações embaraçosas são cada vez mais frequentes e, portanto, o assunto merece ser discutido, pois cabe aos pais, professores e diretores investigarem os fatos e educarem seus filhos e alunos, tomando medidas disciplinares para que o bullying não aconteça.
Fique atento aos sinais
A criança que sofre o bullying costuma apresentar sinais de baixa autoestima, pensamentos suicidas, baixo rendimento escolar e reclusão. O agressor também tem rendimento baixo nos estudos, apresenta comportamento agressivo com amigos, pais, professores e tem um grupinho de seguidores, sendo “o popular” na escola.
“A ‘brincadeira’ não pode ser encarada como natural entre as crianças, já que as consequências são maléficas e, muitas vezes, duradouras, estendendo-se para a vida adulta”, explica Dra. Lucia.
Muito diálogo, carinho sempre e nada de superproteção - Pais carinhosos, porém firmes, criam filhos com maior autoafirmação e que tendem a conversar e expor seus sentimentos, além de criarem autonomia para resolverem seus conflitos de forma equilibrada.

Converse com seu filho, procure saber como é o ambiente escolar, quem são os amiguinhos e fique atento aos sinais. Mas lembre-se: ele precisa ter autonomia para aprender a lidar com o mundo e você será o grande amigo (ou amiga) com o qual ele vai poder contar pela vida inteira.

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